terça-feira, julho 24, 2007

Menina com anencefalia completa 8 meses

O jornal EXTRA de hoje relata o caso de uma menina chamada Marcela que é anencéfala( sem cérebro desenvolvido) que completou 8 meses de vida. A criança passa bem de saúde, reage a estímulos e consegue até se alimentar por via oral. Segundo a mãe da criança, a bebê até sorri para ela. O caso desafia o atual conhecimento da medicina sobre o assunto; os especialistas afirmam que em um caso desses o bebê não consegue sobreviver mais do que algumas horas.

Os ministros Supremo Tribunal Federal tem em sua pauta de avaliações um projeto que prevê a legalização do aborto em casos de anencefalia. Tendo o caso da menina Marcela comprovado que um bebê anencéfalo pode sobreviver por vários meses, só cabe ao STF arquivar o projeto.

No post da semana que vem abordarei o tema aborto. Nesta semana o post será sobre racismo e já está sendo escrito para ser publicado no máximo até amanhã.

Abraços

domingo, julho 22, 2007

Preconceito, Racismo, Discriminação Racial e o Movimento Negro

Parte I
OBS: Devido ao tamanho do texto ter ficado muito longo, resolvi separá-lo em duas partes. Esta parte trata do problema do uso equivocado dos termos racismo, preconceito e discriminação, de uma explicação para a atual beligerância do movimento negro e do conceito de preconceito. No próximo post tratarei dos conceitos de racismo e discriminação e farei a consideração final.
Venho acompanhando a algum tempo, com certa regularidade, notícias de jornais, trabalhos acadêmicos e entrevistas a respeito da questão racial no Brasil. Tenho reparado, principalmente em entrevistas com líderes de ONGS, o uso equivocado do termo racismo para definir qualquer ação que desagrade ao movimento negro; principalmente quando os líderes de tais ONGS taxam a sociedade brasileira de racista. O caso do professor Paulo Kramer da UnB é ilustrativo. Como escrevi a dois posts atrás, Kramer foi acusado injustamente de racismo por ter usado a palavra "crioulada" em uma de suas aulas. O caso do jogador argentino Desábato, que chamou de "negro" o também jogador de futebol Grafite serve como outro exemplo ilustrativo. O uso do termo racismo segue sendo usado de maneira errônea quando se analisa a relação da polícia com a população negra, ou quando se analisa a atual condição social do negro no Brasil. O meu objetivo com este texto é esclarecer o conceito do termo racismo, assim como os conceitos de preconceito e discriminação racial. Mais, primeiramente, considero importante traçar um paralelo entre o surgimento das chamadas políticas afirmativas e o atual recrusdecimento das ações do movimento negro.

Nos anos 70 do século passado, o movimento negro, baseado nos conhecimentos da biologia, afirmava que não existia diferença entre raças quando se trata de seres humanos; a diferença entre brancos e negros era apenas uma questão de melanina. Nos anos 90, com a derrocada do socialismo na URSS, a esquerda mundial perdeu sua referência ideológica de luta de classes. Para suprir esse vácuo ideológico e continuar sobrevivendo politicamente, só restou à velha esquerda(que tem um histórico de violência e ódio contra o establishment "burguês") se refundar e se aliar ao movimento politicamente correto, que começa a ganhar notoriedade na década de 90. Nesse período, o pensamento de harmonia entre etnias no Brasil, defendida por Gilberto Freyre, é substituída pela visão de que a sociedade brasileira é racista, defendida por Florestan Fernandes. Hoje em dia, os partidos de esquerda estão sempre a frente das manifestações das minorias, teses acadêmicas alardeando o "racismo à brasileira" se proliferam nas universidades(majoritariamente composta por esquerdistas, assim como as ONGs); o projeto de lei que visa implantar o Estatuto da Igualdade Racial no Brasil é de autoria do senador Paulo Paim do PT. Coincidência? O movimento politicamente correto, supostamente, defende os interesses das minorias. No caso do movimento negro, os interesses desse grupo são as políticas afirmativas como as cotas para acesso às universidades. Atualmente, quando se aborda a questão racial no Brasil, quase que involuntariamente, o assunto tende a ir a uma discussão a respeito de tais políticas. O objetivo das políticas afirmativas é, em geral, integrar o negro à sociedade; realizando, assim, uma suposta igualdade racial. Buscarei demonstrar da maneira mais clara possível que tais políticas afirmativas são o pior meio de implantar uma justiça racial no Brasil, políticas que inclusive se mostram contraditórias com o objetivo de alcançar uma igualdade racial.
Vou começar com o conceito da palavra preconceito, cuja definição nos auxiliará a compreender mais a frente os significados dos termos racismo e discriminação racial. Preconceito é um paradigma, uma visão distorcida que um indivíduo ou um grupo de pessoas tem de outrem, atribuindo ao outro características pejorativas. Quando se afirma, por exemplo, que "judeus são avarentos"," advogados são trapaceiros", "mulheres loiras são pouco inteligentes", "indíos são preguiçosos", "empresários são exploradores" ou "pobres tem maior tendência a serem marginais" etc, percebe-se o pré-conceito pelo simples fato de tais afirmações não se comprovarem em sua totalidade, ou seja, não se pode provar que todos os judeus são avarentos, que todos os advogados são trapaceiros etc, portanto, são generalizações mal feitas, que acabam por assim serem, tornado-se tema para piadas de mau gosto. Uma característica do preconceito é que ele, em boa parte das vezes, permanece oculto na mente do preconceituoso, até que se manifeste na forma de uma discriminação ou, em alguns casos, em racismo. Todas as pessoas tem ou já tiveram algum tipo de preconceito na vida, mas na maioria das vezes, o preconceito não se manifesta em ações de ódio; permanecem sendo apenas pré julgamentos. Atualmente, é tema de grandes debates, a questão de se o preconceito no Brasil é social ou racial. Tal questão é difícil de se responder a priori, pelo simples fato de os preconceitos estarem na mente das pessoas; para analisar uma questão dessas seria necessário avaliar caso por caso, pois um grupo pode ser alvo de mais de um tipo de preconceito. Como é impossível ler a mente alheia, qualquer julgamento do preconceito de outrem, antes de uma comprovação, torna-se também preconceituoso.
(Continua)
















quarta-feira, julho 18, 2007

Sobre o fim da concessão pública da RCTV

No dia 27 de maio de 2007 a renovação da concessão pública da emissora Radio Caracas de Televisão(RCTV) foi negada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez; a emissora saiu do ar e foi substituída por uma Rede de TV estatal. A RCTV era o canal mais antigo e com a maior audiência na Venezuela.
A justificativa oficial do governo venezuelano para a não renovação da licença, foi de que a RCTV participou do golpe contra o presidente Chávez em Abril de 2002, quando Chávez foi afastado do poder por 48 horas, e também porque a emissora não vinha cumprido sua "função social". Segundo me consta, o governo venezuelano não apresentou qualquer prova de que a emissora tenha participado do episódio.
A decisão gerou protestos ao redor do mundo, inclusive na própria Venezuela. Um grupo de estudantes saiu às ruas de Caracas (capital do país) em protesto contra a decisão. Os senados brasileiro e americano emitiram notas de desaprovação à medida; que foram mal recebidas por Chávez. A mídia internacional considerou a não renovação da concessão pública da RCTV como uma violação à liberdade de expressão.
Fato é, que a RCTV era um dos poucos canais onde a oposição tinha espaço na imprensa venezuelana, cada vez mais dominada por órgãos pró-Chávez. A única emissora de TV a fazer oposição a Chávez agora é a Globovision, que não atinge todo o território venezuelano como acontecia com a RCTV.
A mídia eletrônica esquerdista (brasileira) parece que aprovou a decisão de Hugo Chávez. Por alguns sites de viés esquerdistas que visitei, todos afirmavam com convicção que a decisão do presidente venezuelano visava a "democratização dos meios de comunicação". A esquerda brasileira ainda não perdeu o hábito de puxar o saco de ditadores. No caso de Chávez, um proto-ditador. Na mídia esquerdista, com destaque para a Agência Carta Maior, encontrei uma informação desencontrada. Como se pode perceber no link:(http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=14215) a notícia informa que Andrés Izarra "não pode ser acusado de chavismo". Porém a informação não bate com o seguinte link: (http://www.talcualdigital.com/Especiales/Protagonistas_izara.asp) onde lê-se que Izarra é um colaborador do governo Chávez. Para quem não sabe, Andrés Izarra era funcionário da RCTV em 2002 e havia renunciado ao seu posto na emissora por supostamente ter ficado indignado com o tratamento que a mídia venezuelana deu ao caso do golpe em 2002.
Ainda tratando da mídia esquerdista- os sites da internet que visitei foram unânimes em apontar como prova de que a RCTV era uma emissora golpista- um documentário chamado "A Revolução Não Será Televisionada"- de dois cineastras irlandeses que apontam que no dia em que Chávez foi reconduzido ao poder em 13 de Abril de 2002, a imprensa venezuelana não deu importância ao fato, além de terem participado ativamente do complô anti-Chávez. Acontece, que existe um documentário chamado "Raio X de uma mentira" que desmente veementemente as informações divulgadas pelo documentário "A Revolução Não Será Televisionada". Entre os erros acusados estão: de que o golpe foi orquestrado por uma elite branca e opressora, de que o documentário dos irlandeses omite informações como a de que o principal sindicato venezuelano participou da manifestação, de que os cineastas editaram e manipularam imagens, que omitiram o fato de Chavéz realmente ter renunciado ao seu mandato, que as emissoras de TV foram sitiadas no dia em que Chávez retornou ao poder etc. O documentário "Raio X de uma mentira" foi gravado em uma palestra na Universidade Metropolitana de Caracas por opositores ao governo chavista. O vídeo é devastador.(Disponibilizarei um link no fim da postagem)
Para encerrar o texto gostaria de fazer uma observação sobre o caso. Mesmo que a RCTV tenha manipulado informações, isso não dá ao poder executivo o direito de decidir pelo fim de uma emissora. Em países verdadeiramente democráticos, quando a imprensa age de forma errada, o caso é levado aos tribunais e lá a questão é decidida; como acontece nos EUA. Não foi o caso na Venezuela. Chávez teve mais de cinco anos para levar o caso a júri e não o fez; o que demonstra o caráter autoritário de sua gestão. Desqualificar um adversário com base em provas obtidas de maneira lícita é perfeitamente válido. Se provasse a fraude da RCTV, conseguiria dar um grande golpe na já combalida oposição venezuelana, e de maneira democrática. É notável que todo governo autoritário visa formar uma imprensa chapa-branca. E a Venezuela vai seguindo esse caminho ao comando de Hugo Chávez.
Link para o vídeo "Raio X de uma mentira": http://bocejosdefelicidade.wordpress.com/2007/06/19/raio-x-de-uma-mentira/

segunda-feira, julho 09, 2007

Patrulha politicamente correta faz uma vítima na UNB

Uma notícia que chamou minha atenção na semana passada foi a condenação do professor de ciência política da Universidade de Brasília, Paulo Kramer, ao pagamento de multa em um processo administrativo realizado pela universidade; onde uma sindicância o considerou culpado em uma acusação de racismo.
O caso começou quando um grupo de nove alunos de Kramer ficou ofendido quando o professor se referiu aos negros dos EUA como “crioulos” e “crioulada”. Em uma aula posterior, munidos de gravador, os mesmos alunos incitaram uma discussão onde o professor teria dito que continuaria falando crioulada mesmo que tivesse que recorrer a um mandado de segurança. Foi o suficiente para que o professor universitário fosse condenado, em justificativa oficial, por “conduta inapropriada”.
Primeiramente é preciso esclarecer que a palavra crioulo define um negro que nasceu na América, um mulato, ou simplesmente uma pessoa que é nativa de uma região; basta consultar um dicionário para constatar este fato- É inclusive uma palavra mais apropriado para definir negros brasileiros do que o agora freqüente “afrodescente”, que também define portadores de genes africanos mesmo que com pele clara.
Com base no conceito da palavra, é inviável sustentar uma acusação de racismo(explicarei no próximo parágrafo) ou mesmo injúria fundamentada em raça; ao menos que o professor tenha utilizado uma palavra depreciativa acompanhada do termo crioulo (o que a fita gravada pelos alunos pode comprovar ou negar).
No caso referido não cabe também uma acusação de racismo. A lei que trata do tema qualifica como racismo qualquer tentativa de impedir acesso a locais públicos ou privados usando como critério raça ou cor (pesquisar a LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989); portanto uma acusação de racismo ao professor seria na verdade um crime de calúnia e difamação contra ele.
Para não ser demasiado longo, encerrarei o texto observando um fato muito interessante no movimento negro. Eles se autodenominam defensores do negros oprimidos mas não hesitam em se ofender quando se referem a eles como negros ou crioulos; como se a condição de negro fosse tão humilhante a ponto de se sentirem ofendidos por terem reconhecida a cor de pele que em momentos oportunos consideram motivo de orgulho. Se fazem de vítimas quando querem obter privilégios como as cotas, ou para criminalizar adversários, ao passo que em certos momentos dizem ter “Orgulho de ser Negro”. A perseguição politicamente correta começou.

sexta-feira, julho 06, 2007

Voltando com o blog depois de um longo tempo sem postar.O Blog está com uma aparência nova e terá posts semanais.


Abraços

domingo, julho 23, 2006


A polêmica das cotas raciais

O lançamento de um Manifesto contra o Projeto de Lei que cria cotas para afrodescendentes, indígenas e estudantes de escolas públicas nas universidades federais, projeto esse que permitiria a esses grupos passarem com notas inferiores aos não beneficiados por esse sistema, e que também protesta contra o Estatuto da Igualdade Racial que visa adotar uma série de medidas polêmicas, entre elas, a obrigatoriedade de que documentos comuns informem a etnia do indivíduo que o porta, projetos esses que tramitam no Congresso Nacional, reacenderam a polêmica sobre a prática de políticas afirmativas visando a integração social de grupos marginalizados.
Quase simultaneamente ao primeiro manifesto, os defensores das cotas lançaram seu manifesto de apoio aos projetos de lei do senador Paulo Paim do PT do Rio Grande do Sul. Entrando nessa polêmica questão, resolvi escrever esse texto baseado em argumentos de ambos os lados, a fim de expor minha opinião sobre o assunto. Uma parte do que escreverei será baseada em textos de alguns autores que farei citação ao longo do texto com o desenrolar da minha argumentação, e para não ficar demasiado longo, darei atenção a questões que considero relevantes nesse tema.
Primeiramente pegarei o que sem dúvida é o “abre alas” da argumentação dos defensores das cotas e de onde todas suas argumentações partem, a questão da “dívida histórica” que toda a sociedade brasileira tem com os afrodescendentes devido ao longo período histórico em que esses foram escravos, e por conseqüência, marginalizados na sociedade.
Em uma dívida existem os credores e os devedores, no caso específico das cotas o credor é a população negra que a mais de um século atrás era em maioria escrava, e o devedor o resto da sociedade. Na argumentação da “dívida histórica” encontramos quatro questões, que se bem analisadas por qualquer pessoa, põem por terra essa argumentação: 1º) A universidade pública é sustentada pelos impostos pagos por todos os contribuintes, logo, uma grande parcela da população afrodescendente(incluindo os pardos) que não tiverem interesse de freqüentar uma universidade pública terão que pagar para uma minoria poder estudar nela; 2º) O Brasil é um país que recebeu um grande contingente de imigrantes, inclusive depois da Abolição da Escravidão em 1888, é justo que esses imigrantes e seus descendentes paguem por um erro que não cometeram?; 3º) É historicamente conhecido que o movimento abolicionista no Brasil surgiu entre a “elite branca”, e que negros brasileiros também possuíam escravos, o que derruba qualquer argumentação maniqueísta que vise culpar somente a “elite branca, má e perversa” pela escravidão no Brasil, se quiséssemos fazer um julgamento justo sobre culpados e inocentes deveríamos fazer um grade catálogo das famílias escravagistas e não escravagistas, o que é quase impossível; 4º) Juridicamente falando, um indivíduo não pode ser responsabilizado pelos erros e crimes de seus pais, avós, bisavós etc, portanto, no que tange a lei, o argumento de que toda a sociedade brasileira do século XXI é responsável pelos erros cometidos pelos seus antepassados é juridicamente inválido, o que não significa que um erro passado não deva ser reparado, contudo, não é através de atos arbitrários que o problema deve ser solucionado.
Esgotada a questão da dívida histórica passarei a tratar do caráter inconstitucional da Lei das Cotas. Ao decretar que um grupo racial tem privilégio de acesso a uma instituição pública, no caso a universidade pública, obtendo no vestibular uma nota inferior aos demais concorrentes não beneficiados, o Projeto de Lei quebra o princípio constitucional de igualdade perante a lei, independente de credo, etnia, ou grupo social. Uma pessoa inclinada a favor das cotas pode argumentar que esse princípio constitucional não se aplica na realidade brasileira, tendo em vista o baixo número de afrodescendentes nas universidades públicas, seja como aluno, seja como professor. Os defensores das cotas, porém , se esquecem(ou fingem esquecer) que na Constituição de 1988 em sua seção da Educação contêm o artigo 205 onde está escrito: “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade”; segundo me consta- não tenho nenhum conhecimento de protestos de grupos defensores dos direitos dos afrodescendentes a favor de uma escola pública(primária e secundária) de qualidade, todavia esses grupos não hesitam em protestar em defesa das cotas. Estranho não?
Digo isso porque é indubitável que a educação básica brasileira tem sérios problemas, evidenciados pelo baixo rendimento obtidos recentemente pelos alunos da rede pública brasileira em uma Prova Nacional de português e matemática, e em provas internacionais, onde os alunos brasileiros estão sempre entre as últimas colocações. É indubitável também, que a deficiência na educação básica pública no Brasil é uma explicação para o baixo número de alunos oriundos da rede pública e também de baixa renda(sejam eles brancos,pardos ou negros) nas universidades federais e estaduais, tanto como alunos como professores, pois estes não conseguem, na maioria das vezes, passar no vestibular que é a primeira etapa para se chegar a uma universidade, e porventura fazer carreira nela.
Já que cheguei ao ponto da deficiência do ensino público brasileiro, ressaltarei o caráter populista da lei das cotas. Voltando ao trecho citado da Constituição: “educação, direito de todos e dever do Estado”, mostra claramente que o Estado é responsável pela gestão educacional, se por motivos diversos o Estado se mostra um péssimo gestor em educação, é claramente evidente que a Lei das Cotas é uma forma de “tampar o sol com a peneira”,ou ainda, “empurrar o problema com a barriga”, ao passo que nossos legisladores ainda possam de politicamente corretos e preocupados com a “justiça social”. Uma coisa interessante no Estatuto da Igualdade Racial é que os partidos terão que reservar vagas para negros nas legendas partidárias. Por que nossos legisladores não criam diretamente cotas para deputados e senadores no Congresso Nacional e no Senado, aproveitando essa onda de integração racial?
A maior polêmica em relação a questão das cotas gira em torno da identidade racial, nos EUA, país onde surgiu essas políticas afirmativas de inclusão racial, há uma clara distinção entre negros e brancos, segundo o livro Relativizando do antropólogo brasileiro Roberto DaMatta, nos EUA não há a categoria de pardos, ou seja, mestiços como existe aqui no Brasil, no país da América do Norte qualquer pessoa mesmo com pele clara, se tiver algum parente direto negro ou mestiço, é considerado negro.
No inciso 3 do artigo 1 do Estatuto da Igualdade Racial consta o seguinte trecho: “para efeito deste Estatuto, consideram-se afro-brasileiros as pessoas que se classificam como tais e/ou como negros, pretos, pardos ou definição análoga”, portanto qualquer pessoa que se autodenominar afro-brasileiro poderá requerer cotas, logo, tendo conhecimento da grande miscigenação da sociedade brasileira, essa medida de implantar cotas é inócua. E se por acaso o Estatuto tentasse delinear as raças, estaria caindo num terreno obscuro que no passado foi responsável por um dos capítulos mais trágicos da humanidade, o nazismo.
A propósito, ainda na questão das raças, como bem lembra o jornalista Janer Cristaldo em seu texto “A Extinção do Mulato” (http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4501): “Nas últimas décadas, os movimentos negros insistiram na idéia de que raça não existe, ser negro seria apenas uma questão de melanina. Quando começou a surgir no Brasil a infeliz idéia ianque de cotas, tanto para a universidade como para admissão em empregos públicos, assistimos a uma súbita reviravolta: raça agora existe e deve ser declarada. O malsinado projeto do senador gaúcho determina que, em várias circunstâncias – no Sistema Único de Saúde, nos sistemas de informação da Seguridade Social, em todos os registros administrativos direcionados aos empregadores e aos trabalhadores do setor privado e do setor público – o quesito raça/cor será obrigatoriamente introduzido e coletado, de acordo com a autoclassificação”. Curiosamente depois de anos negando o conceito de raça os afrodescendentes agora o defendem, incrível não?
A idéia de que as cotas provocariam medidas racistas ainda não pode ser comprovada no Brasil, pelo que tenho conhecimento nas universidades em que já existem cotas ainda não foram registrados nenhum caso explícito de racismo, mas segundo nos relata o economista Thomas Sowell foi justamente após a adoção de políticas afirmativas nos EUA, que ocorreram uma série de problemas nesse sentido, ver: (http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4731). Aqui no Brasil, uma pesquisa feita no campus da UERJ mostra a desaprovação que a adoção de cotas gerou entre a comunidade acadêmica(http://www.universia.com.br/html/noticia/noticia_clipping_cjf.html). O relato de Sowell e a pesquisa feita na UERJ devem servir como reflexão sobre a validade de se implantar um sistema desses no Brasil sabendo que aqui brancos e negros vivem de maneira relativamente pacífica.
O leitor ou a leitora que chegou até aqui já percebeu com clareza que eu me posiciono contra as cotas, mas não posso deixar de contra-argumentar um ponto de vista dos anti-cotas -a idéia de que o ensino das universidades públicas piorará com a entrada dos cotistas- segundo um estudo preliminar feito na UERJ, a primeira universidade brasileira a adotar as cotas, foi feita a seguinte observação- “ Entre os estudantes que entraram por cotas raciais ou da escola pública, 49% foram aprovados em todas as disciplinas. Entre os que não entraram por cotas, essa porcentagem foi de 47%.”; ver: (http://aprendiz.uol.com.br/content.view.action?uuid=7b1e6b090af47010017546999a456b7a ). É lógico que esse é apenas um estudo preliminar, e se por algum acaso a qualidade do ensino da UERJ piorou (o que não é fato) isso se deveria mais aos sucessivos cortes de verba da instituição feitos pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, do que propriamente culpa dos cotistas. Por outro lado esse aparente sucesso não deve ser visto como um bom argumento para se defender as cotas, pois na pesquisa não é dito os dados dos cursos em separado(o que não invalida a argumentação de grande evasão e reprovação em cursos como Engenharia e Medicina), e é notável que um cotista agarraria com unhas e dentes uma oportunidade dessas, a pergunta que fica é a seguinte: se alguns cotistas são capazes de se manter bem nos cursos superiores, por que não seriam capazes de passarem no vestibular também sem a ajuda de cotas?
Termino esse texto concluindo que as cotas são em tese uma política equivocada por romper com o princípio do mérito, inconstitucional por ter a raça como uma característica de acesso privilegiado a uma universidade, não efetiva pois não há nenhuma garantia de que o problema da educação básica seja resolvido, populista, perigosa a medida que atos racistas e preconceituosos possam ser praticados por causa desse projeto de lei, além de ser falaciosa em sua argumentação. Como já disse anteriormente, não será com medidas arbitrárias que o problema da inclusão racial ou social será resolvido no Brasil, seria esplendoroso se pudéssemos acabar com todas as nossas mazelas apenas por decreto, mas isso de fato é impossível.

terça-feira, maio 30, 2006

Sobre a crítica de intelectuais a propaganda e ao capitalismo.

Não é difícil de encontrar em círculos de intelectuais de esquerda, críticos do “consumismo da sociedade capitalista”, tal crítica é amplamente utilizada como forma de atacar o capitalismo e a economia de mercado. A palavra consumismo denota a aquisição de bens supérfluos para a vida humana e geralmente influenciados, como acreditam os intelectuais, por aspectos externos como meios de comunicação e propaganda. Os intelectuais esquerdistas atribuem ao consumismo todo tipo de prejuízos que uma pessoa possa ter por causa do consumo, de corromper os mais jovens incitando-lhes a consumir desde cedo, tentam associá-lo ao egoísmo humano já que uns poucos gastariam muito dinheiro com “besteiras” enquanto muitos outros não tem o que comer etc. Com isso tentam fazer as pessoas se sentirem culpadas por consumir e até sentir desprezo pelas pessoas que tem maior poder aquisitivo.

Esse tipo de crítica não é nova, ela já estava presente no pensamento do filósofo e economista Karl Marx do século XIX, que tentou explicar em suas teses a gênese do capitalismo. Em seus escritos Marx expôs sua crença de que o modelo de produção capitalista para se sustentar precisava que houvesse quem consumisse a produção, e quem consumiria acabaria sendo, entre outras pessoas, aquele mesmo que as produziu, só que o operário recebia em salário um valor muitas vezes inferior ao produto que produziu o que faria se sentir inferiorizado perante o fruto de seu trabalho, mais ao mesmo tempo o produto inspiraria nele um desejo de consumo principalmente porque lhe confere algum status, logo, os produtos fabricados estabeleciam com as pessoas uma relação de “fetichismo de mercadoria” como se as mercadorias exercessem sobre as pessoas um poder transcendente. O conceito de fetiche pela mercadoria, não só não foi abandonado até hoje em pleno século XXI, como a intelectualidade atual incorporou um novo alvo, que são os meios de comunicação e publicidade do qual acreditam ser moldadores de mentes, em tese, são responsáveis por acentuarem um “desejo irracional” para o consumo.

Primeiramente é válido ressaltar que o capitalismo é um sistema econômico onde ocorrem trocas espontâneas, logo, as pessoas são livres para efetuarem suas trocas comerciais de maneira livre, cabendo ao consumidor decidir se vale a pena ou não trocar seu dinheiro pelo produto em questão, portanto quem decide o que é importante ou supérfluo para si é o próprio consumidor e não a “grande” intelectualidade. Segundo, uma refutação aos que atribuem como papel da mídia incentivar o consumismo, é o fato de todos os dias em nossa rotina, sermos bombardeados por propagandas diversas, no rádio, na tv, nos encartes de jornais, em outdoors etc, nem por isso saímos comprando tudo que nos é exposto, o que nós leva a crer que quando compramos algo, o fazemos de forma consciente e não de modo irracional. Terceiro, quando a intelectualidade esquerdista afirma que “a mídia(incluindo a televisão) cria modas a fim de incentivar o consumismo e a futilidade”, estes desconsideram que a moda é criada por pessoas e aceitas por outras pessoas, ai consiste um grande erro do pensamento amplamente aceito pela esquerda, o de tirar do ser humano a responsabilidade por suas escolhas, ora, as pessoas são diferentes entre si, possuem estilos, interesses e gostos diferentes, podendo as vezes se identificarem em grupos ou tribos, mas nunca encontraremos duas pessoas totalmente iguais, ao taxarem certos gostos e modas como fúteis ou artificiais os intelectuais simplesmente desconsideram o direito de ser diferente. Quando criticam a precocidade de consumo juvenil, na maioria das vezes se esquecem de ponderar que cabe as pais porem limites aos desejos de seus filhos lhes ensinando o “valor” do dinheiro e como é difícil ganhá-lo. Em relação aos grandes consumidores que gastam fortunas em compras, esses acabam fomentando o comércio e de forma direta contribuindo para garantir ou até aumentar a demanda por vendedores, garantindo mais empregos, seus gastos acabam pagando os salários dos vendedores que também são consumidores, assegurando o lucro do comerciante que com o dinheiro irá aumentar seu consumo ou contratar mais funcionários investindo no seu negócio abrindo novos postos de trabalho ou deixando o dinheiro no banco gerando crédito a outra pessoa que queira investir montando um empresa, portanto, o sistema capitalista é um ótimo distribuidor de renda. Algumas pessoas porventura acabam gastando mais do podem e assim endividando-se, ai consiste a crítica mais baixa da intelectualidade esquerdista, de afirmar que as pessoas o fazem por pressão da sociedade que impõe valores e produtos da moda a serem consumidos, mas uma vez a cisma dos intelectuais de esquerda em suas análises metodológicas de tirar o foco da responsabilidade do indivíduo sobre seus atos prevalece erroneamente, soube certa vez que uma mulher beneficiada por um programa governamental de distribuição de renda deixou de comprar comida para seu filho para comprar uma televisão, tentar tirar da mãe a responsabilidade de seu ato é um absurdo. E ainda tem os casos de consumo patológico onde indivíduo acaba gastando por doença, onde os intelectuais esquerdistas atribuem ao capitalismo a doença, é como se um médico sugerisse o fim do sexo na humanidade só porque existem distúrbios sexuais na população.

Quanto ao papel da propaganda e marketing, esta tem a função de nos apresentar um produto e como o ser humano tem uma curiosidade inata, uma propaganda pode acabar nos convencendo a consumir um determinado produto, seja por uma propaganda bem elaborada, seja por o produto ter uma embalagem bem feita, ou até por o produto estar na moda, porém se este não for bom e de qualidade, o consumidor não o comprará mais, e ainda fará uma propaganda negativa para seus conhecidos, o que podemos observar é que o consumidor na maioria das vezes não é passivo diante de um produto e sim ativo já que tudo o que é produzido pelo sistema capitalista atende a uma demanda, e não o contrário. Na maioria das vezes que vemos uma propaganda e compramos o produto, antes já estávamos inclinados a comprá-lo, sendo assim a mídia tem menos importância a que os intelectuais de esquerda lhe atribuem. Para exemplificar o que foi dito basta imaginar que você está em um deserto e com muita sede, daí você vê duas barracas sendo ela toda bem ornamentada com frases inteligentes de propaganda e luzes que dão um ar moderno a barraca onde é vendido acarajé com bastante pimenta, ao lado está uma barraca bem simples e sem propaganda nenhuma vendendo água. Em qual delas você gastaria seu dinheiro?